Em julho de 2014 eu completo 14 anos de um relacionamento conturbado. Não posso chamar de caso, porque há pouca paixão envolvida. Não posso chamar de amizade, porque minhas referências de amizade são muito mais saudáveis. Acho que dá para falar em parceria, porque ninguém fica junto tanto tempo se não por isso.
Em julho vai fazer 14 anos que eu dei o meu primeiro trago em um cigarro.
Eu sempre digo para as pessoas não fumarem. Cigarro faz mal, diminui a sua capacidade respiratória, te expõe ao risco de sofrer inúmeras doenças, te faz ficar fedendo a cigarro e, nos tempos de hoje cada dia mais, te torna um tipo de pária social. Se você nunca fumou, não entra nessa. É roubada, e sair é uma merda.
Eu não quero sair. Não hoje. Eu me sinto sempre acompanhado quando estou com um cigarro. Fumar me acalma, me faz clarear as ideias e me distrai. Quando chamo o cigarro de parceiro, é porque me sinto exatamente assim que me sinto: juntos conseguimos ser razoavelmente produtivos, mas no fundo um está fodendo o outro de alguma forma. E eu sou um fumante educadinho. Não fumo dentro de lugares fechados, evito fumar perto de crianças ou quando tem alguém por perto comendo. Tenho sempre meus cigarros, para não ter que pedir a ninguém.
No último período da faculdade pude ler um texto muito bacana que me ajudou a diminuir a culpa que eu sentia por fumar. Definitivamente eu não sou o tipo de sujeito que leva uma vida saudável, e o cigarro é só parte disso. Eu fiz uma escolha, e ela pode não ser racional para você, mas afeta diretamente a mim. Entendo quem fica triste com a minha escolha, mas eu ficaria bem mais feliz se você entendesse, afinal, eu não fico reclamando da quantidade absurda de sódio, sal, açúcar, gordura ou agrotóxicos que você ingere todo dia.
Eu vejo a vida melhor por detrás daquela névoa cinza azulada.
(Eu só precisei de um cigarro para escrever esse textinho)